6 de novembro de 2010

Poesia: Mulher Pública



Mulher Pública
Arlindo Stanchi (In Memorian)
Brumado (Ba), 10-03-1993

“Sei que te chamam de aventureira,
Baga, meretriz, barca, marafona,
Bisca, biscate, bofe, bagageira,
Bucho, bruaca, catraia, cocote,dona,
Marafaia, mariposa, decaída,

Biraia, zoina, michê, cuia, pervertida,
Perua, puta, miraia, cação, perdida,
Piranha, piturisca, biscateira,
Tronga, gança, rongó, dama,, rampeira...

Também te chamam de boi, zabaneira,
Madama, sem-vergonha, andorinha,
Cadela, cortesã, fêmea
Prostituta, vaqueta, mulherinha,

Marmita, rascoa, pécora, solteira,
Xibunga, pecadora, tia, galinha
Adúltera, michela, putanheira,
Reboque, vadia, vaca, pinóia, zinha,

Namoradeira, lacraia, caterina,
Amigada, ventena, moça, china,
Madalena, vulgívaga, fadista,

Borboleta, fubana, messalina,
Vagabunda, mundana, vigarista,
Paloma, culatrão, ciscaia, laxista...

Ainda te chamam de ralé, zoneira,
Comadre, senhoreca, cróia, safada
Boneca, muruxaba, gueixa, rueira,
Malandra, programista, tolerada.

Mocreia, amante, amásia,trepadeira,
Tira-gosto, petisco, amancebada,
Moça-dama, avestruz, prima , freteira
Mulher –dama, bagaça, depravada,

Mulher do fado, noiva, cocotinha
Mulher da rua, vulgar, gata,gatinha
Mulher do amor, bagaxa, encubada,

Mulher da vida livre, vampirinha,
Mulher do mundo, franga, viciada,
Mulher da pala aberta, liberada...

Das profissões a tua é a mais antiga ,
A mais sofrida, a mais solicitada.
Em ti, um após outro se abriga,
E ficas, cada vez, mais descarada.


Tua sina de escrota rapariga
Vai sempre te deixando devassada,
Mas o fogo uterino te instiga
E, dia a dia, te faz mais transviada.

Mulher da vida, polha generosa,
Que insiste em ser caridosa
Do vício mais nojento e degradante.

Escutei tua promessa...
Amei-te, concubina ambulante!
Sem notar que amava uma vilante.”

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